segunda-feira, 29 de setembro de 2014

AMOR E PERFEIÇÃO


Satsanga realizado com Swami Niranjanananda Saraswati

Se a vida Yogui diz respeito ao amor e não à perfeição, como podemos manter-nos na direção certa e evitar procurar fanaticamente uma perfeição ideal e acabar nos esquecendo do amor?

A vida Yogui não se trata de amor ou perfeição. O conceito de amor na sociedade atual torna a pessoa fraca, e essa não é a finalidade do amor. O amor é definido como afeto, cuidado, afinidade, entre outras coisas, mas isso é realmente amor? O conceito social de amor é sensual, sexual, emocional. Algo que agrada o indivíduo através dos sentidos é considerado ser amado. Define-se amor como algo que permeia-se emocionalmente e é agradável para o Eu. Incluímos tantas coisas e acreditamos que tudo é amor, ou expressamos essas coisas como se fossem amor, mas isso, na verdade, inibe o desenvolvimento da força interna e torna as pessoas fracas. Portanto, é errado dizer que a vida Yogui se trata de amor.

Você não pode dizer que o amor é condicional ou incondicional até que chegue a um ponto onde consiga distinguir entre amor pessoal e amor impessoal. Qual é o papel de Deus em relação à humanidade? Qual é o papel de uma mãe em relação a seus filhos? Se você diz que Deus nos ama e que a mãe ama seus filhos de maneira igual, então qual é a expressão desse amor na vida? O amor que existe entre pais e filhos é um amor verdadeiro. Entre marido e mulher, ou entre amantes, é amor condicional. O único amor incondicional que existe nas nossas vidas é entre mãe e filho. Nesse tipo de amor, qualquer tipo de sacrifício pode ser feito. Não é um amor superprotetor; não oprime, mas nutre a vida. Nutrir é importante, pois desenvolve a força interna.




Enquanto você é bom para a pessoa que você ama, tudo é cor de rosa, mas se um de vocês fica bravo por algum motivo, todo o seu conceito de amor é abalado.  Por isso, embora todo mundo queira ser amado, em vez disso, as pessoas dizem que "caíram de amores”. Quando você se apaixona, você diz que “caiu de amores”, mas você devia “elevar-se de amores”. Quando o amor se torna condicional, você ‘cai’, e quando o amor se torna incondicional, você ‘se eleva’. Amor incondicional existe entre Deus e a humanidade e, portanto, nós sempre olhamos para Deus como uma fonte de inspiração e força, cuidado e afeto. Estamos tentando elevar-nos àquele nível através de nossa sinceridade, fé, convicção e crença. Estamos prontos para passar por todos os testes e adversidades da vida a fim de vivenciar esse amor incondicional.

Uma mãe ama muito seu filho. O filho é parte do corpo da mãe, parte do seu espírito. Impulsionada por esse amor, a mãe garante que o filho sempre tenha as oportunidades certas para crescer. Se a criança está doente, com dor, com gangrena, por exemplo, a mãe levará o filho ao médico e dirá: “Ampute a perna para que meu filho sobreviva”. A criança não falará para mãe: “Você está pedindo para amputar minha perna porque você não me ama mais”.  Isso, no entanto, acontece com os adultos. Quando algo ruim acontece, o amor é abalado.

Portanto, o Yoga não pode se tratar de amor, pelo menos não do modo como pensamos sobre o amor. Para muitas pessoas, o amor é uma oportunidade de abraçar todo mundo. Elas buscam satisfação emocional disfarçada de amor. Mas isso não pode ser amor, pois amor tem que tornar a pessoa forte, não fraca.

O que é perfeição? Se você define perfeição, então já não é mais perfeição, pois a perfeição não pode ser definida. Quem é perfeito no mundo? Um mestre pode ser perfeito? Um professor pode ser perfeito? Um indivíduo pode ser perfeito? Enquanto estivermos neste corpo, enquanto estivermos neste mundo, somos escravos do condicionamento do corpo, da mente, das emoções e do espírito. Esses condicionamentos não deixarão que nos tornemos perfeitos. Portanto, o Yoga também não diz respeito à perfeição.


Imagem: Eva Uviedo/Prana Yoga Journal

O que significa Yoga? Yoga quer dizer tornar-se ciente e atento. Yoga quer dizer administrar os aspectos negativos da nossa personalidade e desenvolver as qualidades positivas que enaltecem nossa natureza, e com isso enaltecer também os outros. Quando estamos expressando essas qualidades, isso inspira outras pessoas, e isso é Yoga! Se você tem a qualidade de amar, então o amor se manifestará, mas esse amor será incondicional. Se você não tem essa qualidade, não importa o quanto você tente, nada acontecerá. Você pode abraçar um milhão de pessoas, você pode dizer coisas boas, mas você nunca saberá o que é o amor.


Há uma história sobre uma pessoa que tentou práticas rigorosas por muitos anos a fim de manifestar Deus em sua vida. Movido por essas práticas, Deus apareceu e disse: “Peça-me qualquer bênção que desejar". A pessoa respondeu: “Não tenho nada a pedir. Meu desejo era vê-lo, não pedir favor". Deus repetiu a pergunta, mas todas as vezes a pessoa recusava a bênção. Então, quando a pessoa começou a ir embora, Deus deu a benção da cura para a sombra dessa pessoa. Sem saber que sua sombra tinha recebido essa benção, a pessoa continuou a caminhar em ignorância.

Mas milagres aconteciam pelas suas costas. Sua sombra se projetou numa árvore seca e a árvore ficou verde, carregada de folhas, flores e frutos.  A sombra se projetou em uma pessoa doente, e esta ficou saudável e começou a pular de alegria. A sombra se projetou em uma pessoa cega, e esta de repente começou a ver. A sombra se projetou em uma pessoa manca, e esta de repente começou a andar. A sombra se projetou em uma pessoa morta, e esta voltou a viver. Dessa forma, um milagre após o outro acontecia, e a pessoa não sabia de nada. Onde quer que fosse, a benção da cura trabalhava pelas costas através de sua sombra, sem seu conhecimento.

Essa história carrega uma mensagem simples. Ao expressar suas qualidades, seja como essa pessoa. Tudo acontece sem expectativa, sem desejos, contanto que o coração esteja livre, aberto e puro. E esse é o resultado da vida Yogui. A vida Yogui não é perfeição, não é amor. É saber, compreender e expressar suas melhores qualidades.


Fonte:
http://www.yogamag.net/

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CONVITE: Sat Chandi Mahayajna e Yoga Purnima 2014 - Índia


Yantra: Sat Chandi Mahayajna

CONVITE

O Satyananda Yoga Center/Brasil tem o prazer de convidar você, sua família e seus amigos para o Sat Chandi Mahayajna a ser realizada em Rikhiapeeth/Índia, o Tapobhumi (local de intensas práticas espirituais e austeridades) de Sri Swami, durante a celebração da Sita Kalyanam, de 23 a 27 de novembro de 2014. Este auspicioso evento anual de cinco dias é o presente de Paramahansa Satyananda para elevação da humanidade, para trazer a paz, a prosperidade e a felicidade na vida das pessoas. Este antigo ritual Tântrico da Devi (divindade feminina) é realizado por Pandits (eruditos) de renome de Varanasi, inundando de bênçãos em Rikhiapeeth e transformando a vida de todos aqueles que terão o prazer em estar presente. A presença de Swami Satyananda nesse período é sentida fortemente como nunca durante todos os outros eventos.      

Yantra: Yoga Purnima




Posteriormente será realizado o Yoga Purnima, nos dias 02 a 06 de dezembro de 2014, onde terá também o Mahamrityunjaya Yajna, em memória e celebração do nascimento e da vida de Sri Swami Satyananda Saraswati.






Satyananda Yoga Brasil





"Venha conhecer o seu destino Rikhia"
Swami Satyananda Saraswati




O Sat Chandi Mahayajna é dedicado ao culto do Divino na aparência da Mãe Cósmica, o poder criativo e dinâmico absoluto. Nós invocamos a Mãe eterna que simboliza a energia infinita que reside dentro de todos nós como um potencial dormente, a fonte de todo o conhecimento, sabedoria e poder.

A adoração da Shakti (energia primária) pode ser encontrada desde os tempos antigos. A divindade Chandi representa força, compaixão, graça, beleza e perfeição. É a energia responsável pela transformação que experimentamos em nossas vidas. Segundo a mitologia, ela se manifesta como o poder universal que remove o sofrimento humano e restaura a paz, a justiça e o Dharma (dever, caminho natural), quando todos os esforços humanos e divinos não conseguiram destruir as influências demoníacas.

Iniciada em Rikhiapeeth em 1995 por Swami Satyananda, o Sat Chandi Mahayajna é o ritual esotérico que torna manifesta esse poder cósmico e invoca a presença da Mãe Divina e sua proteção contra a negatividade na vida através dos três instrumentos Tântricos: Mantra, Yantra e Mandala realizado pelos Pandits (eruditos) instruídos de Varanasi.

Sri Swami disse que nunca devemos lutar contra as forças negativas dentro de nós e ao nosso redor, mas que o único remédio é aumentar as ações, pensamentos e vibrações positivas. Mesmo quando acendemos uma vela, a escuridão desaparece completamente. Da mesma forma não lutar contra a escuridão, trazer a luz, assim escuridão desaparecerá automaticamente.

O poderoso Mantra do Yajna cria uma aura duradoura de vibrações positivas para a elevação da humanidade e do meio ambiente, dando a todos nós uma nova força, uma nova esperança e uma resolução renovada para melhorar e transformar nossas vidas. O crescimento da positividade nos levará a novos níveis de percepção para que a energia de limitação da negatividade possa nos afetar de forma cada vez menor.


O Yoga Purnima é a celebração do nascimento de um Sannyasin perfeito, Swami Satyananda, que ocorre no dia do Margashirsh Purnima (lua cheia de dezembro). O Mahamrityunjaya Yajna e a adoração a Shiva, Mrityunjaya, que é auspicioso, que venceu a morte, realizada nesses cinco dias, expressa a devoção que nós oferecemos para Pujya GurudevShiva é considerado o epítome do Sannyasi, o símbolo de uma pessoa equilibrada, porque ele é capaz de manter uma estabilidade espiritual perfeita e equilíbrio em todas as situações. Shiva é o "Yoga", pois preserva intacto, sem vacilar, a sua identidade, que está em paz nas dificuldades, nos conflitos e na confusão.

O culto de Shiva é um culto do espírito puro, que é agora Swami Satyananda e está presente em todos nós. Simboliza reconectar consigo mesmo, benevolente e auspiciosa, que é a fonte da unidade de todos os tamanhos e formas da criação. É como se conectar novamente com essa consciência eterna, ‘chit’; a verdade última, ‘sat’; a bem-aventurança final, ‘Ananda’; que juntos combinam os mundos visíveis e invisíveis que é o que o Guru representa. Quando esta conexão é estabelecida, o curso da vida definitivamente tem um sentido diferente, como podemos ver na vida de Sri Swamiji, que dedicou sua vida à elevação da humanidade.

Mais uma vez este ano, ao mesmo tempo durante o Yajna, será realizado o Curso de Tattwas Shuddhi Kriya Yoga em Rikhiapeeth. As práticas esotéricas de Kriya Yoga são o legado que Swami Satyananda deu à humanidade como um dom precioso, agora ao alcance de todos, através do qual podemos nos conectar com o maior potencial em nós mesmos.



Este ano o Yajna será muito especial porque Rikhia comemora seu Jubileu de Prata. Recarregada pelo poder de positividade criado por Devi e a benevolência dado por Shiva, vamos ser transportados para um nível mais profundo de compreensão espiritual e discernimento através de uma série de discursos, Atmadrishti Satsang Series, dado pela Paramacharya da nossa tradição, como parte integrante das comemorações do Jubileu de Prata. O tema durante o Sat Chandi Mahayajna será "Invocação e Adoração" e dentro de Yoga Purnima Aradhana o tema será "Bhakti - Yoga do Coração".

Venham todos para receber a graça divina e as bênçãos de Devi, Shiva e Guru neste evento único.

Namoh Narayam 

Maiores informações:
Satyananda Yoga Center

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Fonte

terça-feira, 23 de setembro de 2014

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O VERDADEIRO ESPÍRITO DO HATHA YOGA




Texto de:
Swami Satyananda Saraswati

Na literatura Yogue, temos alguns textos confiáveis ​​sobre Hatha Yoga. Um deles, escrito pelo Yogi Gorakhnath, é conhecido como "Gorakhsha Samhita". Outro texto é o "Gheranda Samhita", escrito pelo grande sábio Gheranda. Além desses dois, há outro texto muito conhecido em Hatha Yoga, conhecido como "Hatha Yoga Pradipika", escrito pelo Yogi Swatmarama. Há um quarto texto em Hatha Yoga, conhecido como "Hatha Yoga Ratnavali". Todos esses textos, supostamente, foram escritos a partir do século VI ao século IX.

Há também referências menores ao Hatha Yoga nos antigos Upanishads (antigo texto escrito por sábios, comentários sobre os Vedas). Os Upanishads datam de uma época anterior ao período budista, que foi em torno do século VI, a.C. As referências ao Hatha Yoga feitas nos Upanishads provam que a ciência era conhecida muito antes desse período. Há outro texto muito importante, conhecido como "Srimat Bhagavatam", a história de Sri Krishna. Nesse livro volumoso, há vários capítulos contendo referências ao Hatha Yoga.

Isto é só para lhe dar uma ideia do aspecto histórico do Hatha Yoga. Durante séculos, esses livros têm guiado os aspirantes espirituais. Muitas seitas também foram formadas na Índia, Nepal e Tibete, com base em Hatha Yoga. Qual é o assunto principal, o que realmente importa, nestes livros? Apenas manter um corpo jovem? Ou obter Siddhis (habilidades psíquicas)? Ou desenvolver a capacidade de despertar Kundalini (energia espiritual adormecida) e atingir Samadhi (estado de união com a consciência universal)? Se analisarmos estes textos cuidadosamente, o objetivo torna-se muito claro.

Definição de Hatha Yoga

A fim de tornar claro o assunto, ele foi denominado como Hatha Yoga. Hatha é uma combinação de duas letras, ha e tha. Ha representa a lua e tha o sol. Sol e lua não devem ser entendidos, aqui, como os astros que vemos no céu. Foi explicado em Hatha Yoga que o sol representa o Prana, a força da vida, e que a lua representa a mente, a energia mental. Portanto, Hatha Yoga significa a União das forças prânica e mental. Quando a União entre a força prânica e a força mental tem lugar, então, um grande evento ocorre no homem. Este é o despertar da consciência superior.

Um ponto importante, que tem sido deixado de fora pelos comentadores, é que o Hatha Yoga não é apenas a União do Prana e da mente. Na verdade, significa a União do Prana e da mente com o Self. Agora, vamos tornar isso um pouco mais claro. Na coluna vertebral, existem três Nadis conhecidos como Ida, Pingala e Sushumna. Nadi aqui não significa nervo; não é um canal físico. Nadi significa fluxo, como o fluxo de eletricidade dentro de um cabo de energia. Um fio carrega a força negativa e o outro carrega a força positiva da electricidade. Então, no Hatha Yoga, a Nadi Ida representa a força negativa, o fluxo de consciência; a Nadi Pingala representa a força positiva, o fluxo de energia vital, e a Nadi Sushumna representa a força neutra, o fluxo de energia espiritual.



Localização das Nadis

A União, a conexão entre estes três fluxos, ocorre no Ajna Chakra (centro energético localizado no centro do cérebro atrás do espaço entre as sobrancelhas). Portanto, vamos rever o significado literal de Hatha Yoga. Os comentadores afirmaram que a união entre Ida e Pingala é Hatha Yoga. Mas eu sou obrigado a dizer que a união de Ida e Pingala com Sushumna é Hatha Yoga.

Quando esta União ocorre, há um despertar automático no Mooladhara Chakra, situado na base da coluna vertebral. Esta é a sede da energia primária ou Kundalini Shakti (energia potencial de um ser humano adormecido no Chakra Mooladhara). O despertar da Kundalini é o principal assunto do Hatha Yoga. Através das práticas que são ensinadas no Hatha Yoga, a união é provocada. Como resultado dessa união, ocorre o despertar da Kundalini. Quando o despertar ocorre, então Kundalini ascende aos reinos mais elevados da consciência, e finalmente se estabelece no Sahasrara Chakra (localizado no topo da cabeça, simboliza a fronteira entre os mundos psíquico e espiritual).

Quando Kundalini se estabelece no Sahasrara Chakra, a isso chama-se Yoga, não Hatha Yoga. Esta é a diferença entre Yoga e Hatha Yoga. Por Yoga, eu quero dizer que é a união entre Shakti e Shiva. Shakti é a energia Kundalini; Shiva é a consciência suprema, assentada no Sahasrara Chakra. Quando o despertar ocorre no Mooladhara Chakra, então Kundalini começa a ascender.



Sushumna Nadi - Localização

Ela sobe através de Sushumna, não através de Ida e Pingala. Sushumna é a estrada para Kundalini. Atravessa diversos Chakras, às vezes de repente e às vezes muito lentamente. Quando ela se une com Ida e Pingala no Ajna Chakra, isso se chama Hatha Yoga. Então, após esta primeira união, ela avança para o Sahasrara Chakra. Lá ela se une com a consciência suprema, Shiva. A isso se chama Yoga, que significa "União Final". Portanto, o objeto final do Hatha Yoga é experienciar Yoga.

Ênfase em Shatkarma

Agora, vindo para o lado prático. No Raja Yoga de Patanjali, você tem oito passos: Yama e Niyama são os dois primeiros, Asana e Pranayama somam quatro, Pratyahara e Dharana seis, e Dhyana e Samadhi totalizam oito. A alegação de Patanjali é que você tem que aperfeiçoar Yama e Niyama primeiro. Sem a perfeição de Yama e Niyama, Asana, Pranayama etc. não darão os resultados desejados. O que é Yama e Niyama? Yama significa autocontrole, regras e observâncias: verdade, não violência, celibato, não roubar, não engrandecimento (não enriquecimento). Pureza interna e externa, contentamento, etc. são Niyama.

Iamgem: Esquema Raja Yoga de Patanjali - SYB

Patanjali foi um contemporâneo de Buda e, portanto, eu acho que seu sistema de Yoga foi influenciado pela filosofia budista de Yama e Niyama. Mas os autores do Hatha Yoga são muito claros a esse respeito. Não dizem que Yama e Niyama formam a base deste sistema. A ordem aqui é diferente – primeiro vem Shatkarma (práticas de purificação física e mental). O processo de limpeza e purificação das fossas nasais (Neti), as  série de técnicas de limpeza interna, da cabeça e torácicas (Dhauti), as técnica para lavar e tonificar o intestino grosso (Basti), as técnica de respiração para purificar a região frontal do cérebro (Kapalbhati), as técnica de respiração para purificar a região frontal do cérebro (Trataka) e o método para massagear e fortalecer os órgão abdominais (Nauli) constituem os Shatkarma e com estes, Hatha Yoga começa. Mas Shatkarma sozinho não constitui o todo do Hatha Yoga.
Depois de Shatkarma vem:
-  Asana (posturas físicas);
- Pranayama (técnicas de respiração);
- Mudra (gestos da mão, cabeça ou corpo que detonam uma atitude psíquica);
- Bandha (contração muscular).
Em seguida vem:
- Pratyahara (estado de consciência que se permanece alerta, porém conscientes);
- Dharana (estado de concentração);
- Dhyana (estado de meditação);
- Samadhi (estado de união com a consciência cósmica).

Shatkarmas

Os autores dos textos de Hatha Yoga estavam muito atentos às dificuldades práticas para todos os homens em relação à Yama e Niyama. Além disso, Yama e Niyama têm mais a ver com religião do que com a vida espiritual do homem.

Essa é a razão pela qual os textos de Hatha Yoga não dão ênfase a Yama e Niyama. Começam imediatamente com Shatkarma e dizem que você primeiro deve purificar o corpo inteiro – estômago, intestinos, sistema nervoso e outros sistemas. Então você deve começar Asana e Pranayama. Após isso, você deve ir para a prática de Kriyas (purificação), como Vajroli, Sahajoli, Khechari e Shambhavi. Então, você deve praticar Mudras (gestos das mãos, cabeça ou corpo que indicam uma atitude psíquica), como Vipareeta Karani, Yoga Mudra e outros. Desta forma, será possível entrar em meditação profunda.

Controlar a mente através do controle do Prana

Há outra diferença entre o sistema de Raja Yoga de Patanjali e o sistema tradicional de Hatha Yoga. Os autores dos textos de Hatha Yoga estavam muito conscientes da dificuldade de controlar as flutuações da mente. De fato, não é possível controlar as flutuações da mente. Você pode fazer isso por algum tempo, mas ainda assim, não será capaz de ter sucesso o tempo todo.

Então, eles desenvolveram outro método. Os textos de Hatha Yoga dizem muito claramente que, ao controlar o Prana, a mente é controlada automaticamente. Parece que Prana e mente exercem influência um sobre o outro. Quando os Pranas estão agitados, eles afetam a mente e vice-versa. Algumas pessoas acham mais fácil controlar a mente do que controlar o Prana. Mas eu tenho dado muita atenção a isto. Talvez algumas pessoas possam ter sucesso, mas a maioria das pessoas não pode controlar a mente pela mente. Quanto mais elas tentam, mais a divisão aumenta.

Há outro ponto importante a ser observado. Às vezes, você está inspirado; você se sente muito bem, muito focado. Mas isso não acontece todo dia. Por isso, os autores de Hatha Yoga levantaram outro tema. "Não se preocupe com a mente, ignore-a. Pratique Pranayama."

Pela prática correta de Pranayama, a mente é automaticamente conquistada. Mas os efeitos do Pranayama não são tão simples de gerenciar. Ele cria calor adicional no corpo, desperta alguns dos centros no cérebro, pode impedir a produção de esperma e de testosterona. Também pode reduzir a temperatura interna do corpo. Pode, até mesmo, reduzir a frequência respiratória. Pode alterar as ondas do cérebro. Quando essas mudanças ocorrem, você pode não ser capaz de lidar com isso. Por isso, Hatha Yoga diz que Shatkarma deve ser praticado primeiro.

O objetivo de enfatizar Shatkarma é, então, preparar uma base para as práticas mais avançadas de Pranayama. Shatkarma purifica todo o sistema e remove bloqueios nos trajetos de Ida e Pingala. Quando não há bloqueios nesses caminhos, a respiração em ambas as narinas flui sistematicamente. Quando há fluxo pela narina esquerda, isso significa que Ida está ativa. Quando há fluxo pela narina direita, significa que Pingala está ativa. Mais uma vez, quando o fluxo ocorre pela narina esquerda, significa que a mente é dominante. Quando o fluxo ocorre pela narina direita, significa que os Pranas são dominantes. O fluxo de ar nas narinas, de forma alternada, indica a posição do sistema nervoso simpático e do sistema nervoso parassimpático.

Agora, se Ida está com seu fluxo ativo e você está praticando meditação, você vai dormir e seu cérebro vai produzir ondas delta. Se a narina direita está com seu fluxo ativo e você está tentando meditar, seu cérebro vai produzir ondas Beta e você estará sujeito a muitos pensamentos ao mesmo tempo. Quando ambas as narinas estão com seu fluxo equilibrado, significa que Sushumna está fluindo. Quando Sushumna flui, você pode meditar sem qualquer dificuldade. Despertar Sushumna, tornar o fluxo da Nadi Sushumna ativo, é a coisa mais importante no Yoga.

A base do Pranayama



Pranayama é uma prática muito difícil. Existem muitas variedades de Pranayama, como, Brahmari, Kapalbhati, Bhastrika, Ujjayi, etc. Estes não são realmente Pranayama, são variedades da prática. Nos textos de Hatha Yoga, é claramente indicado que a retenção da respiração é Pranayama. O intervalo entre inspiração e expiração é Pranayama. Quando você inspira e expira, entre estes dois momentos, há um intervalo. Este intervalo pode ser de um segundo, dez segundos ou um minuto. Isso é chamado de retenção de ar – Kumbhaka. Isso é Pranayama.

Quando eu uso a palavra Pranayama não me refiro a Nadi Shodhana, Bhastrika, Brahmari. Estou falando apenas da retenção. Na prática de Pranayama, você deve ser capaz de reter a respiração, mas não é assim tão fácil. Portanto, a não ser que você tenha a base preparada, Yama e Niyama não são tão importantes. Naturalmente, as pessoas são religiosas, então acreditam que devem seguir o dogma. Cada religião tem seu próprio código moral, mas você sabe como é difícil colocar isso em prática. Temos que ser honestos com nós mesmos, não é?

Assim, a fim de praticar Pranayama com uma base adequada, você deve ser capaz de realizar os Bandhas (contração muscular). Pranayama sem Bandha não tem sentido. Primeiro, você deve saber o que são os Bandhas. Pranayama deve ser praticado com Bandhas, na postura sentada adequada e com o Mudra apropriado. Shambhavi Mudra (focando o olhar no centro da sobrancelha) ou Nasikagra Mudra (com o foco na ponta do nariz) deve ser usado.

A combinação de Mudra, Bandha, Pranayama e Asana irá ajudá-lo a conquistar a mente. Aquele que pode conquistar o Prana pode conquistar a mente. E, de acordo com o Hatha Yoga, é mais fácil conquistar o Prana primeiro e depois a mente.

Unidade além da diversidade




Assim é como o Hatha Yoga é introduzido. O Guru instrui seu discípulo em Hatha Yoga e lhe conta sobre a Shakti universal, da qual a Shakti individual é um aspecto. Em certo momento da experiência, ele (o discípulo) quebra as barreiras da mente limitada. Quando as barreiras são quebradas, então a Shakti individual se funde com a Shakti universal.

A mente inferior, que não é verdadeira, torna-se uma com a mente cósmica. Afinal de contas, a Shakti é apenas uma. Por conta da nossa ignorância, temos percebido nós mesmos como diferentes e esta percepção errônea tem que ser quebrada. Eu não sou eu, e você não é você. Nós somos um. Até mesmo nossos corpos não são diferentes. É um todo, mas estamos tentando perceber isso a partir de um ponto de vista limitado. Esta experiência precisa vir à tona, e é através dela que nos damos conta de que a diversidade não é verdade, apenas a unidade é real.

O real propósito do Hatha Yoga

Nos últimos quarenta a cinquenta anos, o Hatha Yoga tem sido aceito como uma ciência terapêutica em todo o mundo e muitos estudos científicos têm sido realizados neste campo. Hoje, nós ensinamos Hatha Yoga para as pessoas, porque é muito necessário. O homem tornou-se doente, e a ciência médica não é capaz de enfrentar este desafio. O Hatha Yoga, no entanto, tem ajudado a todos. Então, nós não queremos desencorajar este aspecto, mas, ao mesmo tempo, não devemos esquecer o que o Hatha Yoga realmente representa.

Por trás de cada homem doente, há um homem espiritual. Por trás de um diabético, há um Yogi. Por trás de um homem que sofre de depressão, há um aspirante. Quando um paciente chega clamando por ajuda, ensine Yoga e faça com que ele se sinta melhor. Trate a sua enfermidade, mas, por favor, não pare por aí. Leve-o mais distante ainda para o domínio espiritual da vida.

Este é o erro que a maioria dos professores de Yoga tem cometido, especialmente no ocidente. Eles recebem um paciente com artrite, reumatismo ou insônia, ensinam-lhe alguns exercícios e pronto. O Hatha Yoga não tem sido utilizado para tratar a personalidade completa do indivíduo. É por isso que os professores não são capazes de elevar o nível de seus alunos. Apenas melhorar a saúde física não é suficiente. A saúde mental também deve melhorar. A natureza deve mudar. A personalidade deve mudar. O psicológico e o quadro psíquico também tem que mudar. Você não deve simplesmente sentir a ausência de doenças, mas libertar-se da escravidão e dos caprichos da mente. Agora, chegou o momento em que os professores em todas as partes do mundo devem compreender e transmitir o verdadeiro espírito do Hatha Yoga.

Fonte:
http://www.yogamag.net/


domingo, 7 de setembro de 2014

SEMINÁRIO DE FIM DE SEMANA

O Satyananda Yoga Center e a Casa do Guru tem o prazer de convidar a todos para um Seminário de Fim de Semana com 
Swami Anandananda Saraswati
com o tema:
PRANA VIDYA


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" 'Prana' significa energia cósmica ou vital, que é inerente à evolução da vida humana. "Vidya" significa conhecimento. Assim como você pratica Ajapa Japa (prática de Dharana/concentração), Yoga Nidra (técnica de relaxamento profundo) ou Antar Mouna (prática de Dharana/concentração), há também uma técnica prática de Prana Vidya. Ao praticar por si mesmo cada indivíduo pode despertar este Prana e conduzi-la para uma parte específica do corpo. A teoria e as técnicas de Prana Vidya são antigas, mas eu tenho revisado e se faz prático para as pessoas de hoje."

Palavras de Swami Satyananda Saraswati 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

YOGA E SAÚDE INTEGRAL


Texto de
Swami Niranjanananda Saraswati
Aix-les-Bains, França, Abril 1997

Doença é o resultado de problemas não resolvidos. Quando nós não somos capazes de resolver os problemas que enfrentamos, sejam eles ambientais, sociais, pessoais ou familiares, o efeito se manifesta na forma de doenças. Nós também podemos dizer que o paciente não é vítima de um ato da natureza, um estilo de vida insalubre ou poluído, mas um sofredor por causa de problemas não resolvidos.

Nós temos que aprender como lidar com esses problemas nos vários níveis de nossa personalidade. Não é suficiente dizer “Ok, eu estou sofrendo de problemas de saúde, eu estou sofrendo de uma doença e eu tenho que trata-la fisicamente e psicologicamente”. Seres humanos estão todos sujeitos às influencias das circunstancias, eventos e meio ambiente e, por conseguinte, nós também precisamos desenvolver uma consciência de como interagir com e reagir às situações.

Um importante ponto a ser considerado é que cada um de nós está continuamente reagindo; não há nunca uma ação espontânea ou razoável. Nós reagimos a pessoas, ao que elas dizem, nós reagimos ao prazer, à dor e ao sofrimento. Toda nossa vida vai de um estágio para outro através de um processo de reação; não há ações espontâneas ou originais na vida. Estes eventos e condições devem ser interpretados para se entender seu significado. Apenas quando nós podemos interpretar uma situação apropriadamente é que vamos entender o significado por detrás dela. Isto é importante de ser lembrado, pois é através deste ponto que começamos o processo de realinhamento de nosso corpo com nossa natureza, mente e consciência. Isto é o começo, podemos dizer, do primeiro passo em direção à obtenção da saúde integral.

Yoga diz que há duas coisas na vida – forma e conteúdo. Para dar um exemplo: o corpo é uma forma, mas dentro do corpo há também um conteúdo, ou melhor, muitos conteúdos diferentes – emoções, racionalidade, lógica, pensamentos, ambições, desejos, sentimentos. Estes são os conteúdos que nós experenciamos na forma do corpo, mas nós os vimos como experiências, como condições, como eventos que continuamente mudam nossa percepção, atitude e visão.

Você tem que se lembrar de que é o conteúdo da forma física que tem que ser harmonizado para experenciar saúde, felicidade e completude. Um pintor é um bom exemplo. Um pintor usa uma tela onde cria uma imagem ou retrato. O retrato é o resultado final do conceito inerente ou imagem na mente do pintor. A tela e a pintura são apenas o meio através do qual uma expressão é dada para a imagem já existente na mente do pintor.

Corpo, mente e consciência


Da mesma forma, há uma ligação entre o corpo – eu estou usando “corpo” no sentido amplo, significando a personalidade humana que é manifesta no presente na nossa vida – e a consciência, que é invisível, não manifesta e sutil. Consciência é manifestada através do corpo. Nós podemos imaginar a consciência na forma de ondas de rádio e o corpo na forma de um rádio. Quando o corpo está em sintonia com a consciência, as projeções da consciência no corpo serão harmoniosas. Quando o corpo não está em sintonia com a consciência, os sinais nunca poderão ser ouvidos ou vistos. Deve haver uma sintonia entre o corpo, a personalidade que é manifesta, e a consciência, que é não manifesta.


Por exemplo, nós temos diferentes canais na televisão. Se nós queremos assistir um canal, nós temos que mudar para aquele canal; se quisermos assistir outro canal, teremos que mudar de novo. Imagine, por um momento, o que aconteceria se todos os canais fossem vistos juntos num só canal. Seria muito difícil decifrar o que estaria aparecendo na tela. Não haveria nenhuma sintonia e todas as imagens e frequências estariam vindo através de um canal. Não haveria clareza. Haveria uma mistura de imagens sem significado, uma mistura de sons sem significado e uma mistura de impressões sem significado. É similar ao que acontece quando a nossa consciência interage com o corpo numa forma muito conturbada, distraída e dissipada.

Nós temos que fazer um esforço para sintonizar cada frequência apropriadamente com um canal diferente. Uma vez sintonizados, as imagens e sons serão perfeitamente claros e apurados e nós podemos olhar, entender e dar um significado a eles. Então, quando a consciência está se manifestando no nosso corpo e não está sintonizada apropriadamente, o corpo irá reagir. Isto é o começo de uma doença. Estou dizendo isto para enfatizar que doença não é uma condição física, mas um estado de desarmonia entre nossa natureza sutil e nossa natureza bruta; é um estado de desequilíbrio entre a consciência e o corpo.

Portanto, Yoga diz que se você quer experenciar saúde ou bem-estar, você deve abordar sua natureza de diferentes ângulos. Nós trabalhamos nosso corpo, mas ao mesmo tempo temos que trabalhar nossa mente assim como com as expressões de consciência que estão se refletindo na mente e no corpo.

Intelecto, emoções e instintos

Consciência tem três principais áreas de expressão: intelectual, emocional e instintiva. A primeira expressão é intelectual representando a cabeça: entendimento, racionalidade, análise de uma situação, condição ou evento e vivendo harmoniosamente com o aspecto intelectual da consciência. A segunda expressão é a emocional: o coração, sentimentos, sensibilidade emocional. Quando seu coração está em desarmonia, haverá uma supressão de emoções e sentimento. Esta supressão não é natural ao estado normal do corpo e da mente e quando a supressão ocorre, vamos sofrer. Então a liberação dos bloqueios do centro cardíaco leva à saúde. A terceira expressão é a instintiva. Nós nos reagimos instintivamente a muitas condições na vida.


O conceito de Chakras no Kundalini Yoga (filosofia que trata do despertar da energia potencial e da consciência inerente dentro do corpo e da mente humana) dá uma indicação de como Yoga vê estas três expressões da consciência nas nossas vidas e corpos. Chakras são centros no nosso corpo onde a consciência se manifesta de uma forma particular e onde a energia se manifesta de uma forma particular. No nosso corpo há sete centros psíquicos ou Chakras.



O primeiro é Mooladhara na base da coluna vertebral, no plexo coccígeo; o segundo é Swadhisana, conhecido como o centro sacral; e o terceiro é Manipura, conhecido como plexo solar, atrás do umbigo na coluna vertebral. Estes primeiros três Chakras representam a dimensão instintiva de nossa personalidade: medo, insegurança, sexualidade, vitalidade, motivação e poder. O quarto Chakras, Anahata, conhecido como centro cardíaco, e o quinto Chakras, Vishuddhi, conhecido como centro da garganta, representam o aspecto emocional da natureza humana – sentimentos. O sexto Chakras, Ajna, conhecido como o centro da sobrancelha, representa a mente superior.


Imagem: BSY

Se você olha para esta descrição dos Chakras, você verá um padrão muito interessante emergindo. Os primeiros três centros lidam com o instinto, os dois do meio lidam com as emoções e o superior lida com a mente – um total de seis centros. O centro mais elevado, Sahasrara, sobre a coroa da cabeça, é o centro de comando de todos estes diferentes centros de consciência e energia.

A concentração mais densa de consciência mudando, alterando, direcionando, guiando e afetando nossa natureza psíquica está no nível mais baixo, onde os primeiros três centros estão ativos. Na área do meio, onde a consciência interage no domínio das emoções e sentimentos, nós temos dois centros e a intensidade da consciência interagindo neste nível é menor. No nível mais alto, nós temos apenas um centro e a intensidade de consciência interagindo com a mente superior é muito pequena.

Agora isto vai ligeiramente contra a crença normal de que nós somos intelectuais. Nós somos intelectuais, não há dúvida. Nós desenvolvemos nossas ciências e crenças para uma grande extensão, mas mesmo este desenvolvimento de conhecimento na sociedade e no mundo não é a indicação final de conhecimento que se reflete da consciência na nossa vida. Muitas pessoas dizem que hoje nós trabalhamos com nossas cabeças. Nós pensamos que nós temos acesso à informação e a muitas coisas diferentes através das quais nós podemos melhorar nossas vidas. Mas todo nosso conhecimento e entendimento, embora isto possa ser lógico, preciso e claro, está associado, conectado e ligado com os três primeiros centros, que são instintivos. Você também poderá notar que todas nossas realizações na vida têm sido em busca de preenchimento, satisfação e prazer.

A ciência moderna tem manipulado a natureza para fazer nossas vidas mais confortáveis e prazerosas, e para nos dar a sensação de satisfação, alegria e felicidade. Esta busca por satisfação e segurança é expressão da consciência nos centros mais baixos.

Necessidade de equilíbrio


Nós temos ignorados o aspecto mediano de sentimentos e emoções, achando que a racionalidade está acima deles. Nos primeiros tempos, pensadores disseram que cada expressão na vida vinha da cabeça significando o centro maior. Depois, pensadores disseram que cada expressão na vida vinha do centro cardíaco; que o que nós sentimos e acreditamos determina como nós agimos e vivemos. Mais recentemente, com o desenvolvimento da psicoterapia, Freud e outros célebres psicanalistas disseram que tudo o que acontece conosco vem dos centros mais baixos. Quando Einstein entrou em cena, ele disse que tudo é relativo. O ponto a ser considerado aqui é que nós precisamos achar um equilíbrio entre nossa natureza instintiva, emocional e intelectual. Uma vez que um equilíbrio é encontrado entre estas três diferentes naturezas, então a transmissão da consciência no corpo será mais harmoniosa, equilibrada e integrada.

O corpo é parte da consciência manifestada externamente. É uma unidade da consciência cósmica e universal. O corpo não contém consciência, ao contrário, é a consciência que se expressa através do corpo nesses diferentes níveis. Portanto, eu poderia dizer que o corpo nunca está doente ou saudável. O corpo está simplesmente respondendo ao que é deflagrado do nível mais alto, da consciência. Se o que está vindo do centro da cabeça está distorcido, nós teremos dor-de-cabeça; se o que está vindo dos centros medianos está distorcido nós ficaremos melancólicos; e se o que está vindo do alto para os centros mais baixos está distorcido, nós passamos por muita frustração, agressividade, supressão, ansiedade, medo e insegurança. São estes estados mentais que mais tarde alteram e influenciam a performance do corpo e se manifestam na forma de enfermidades.

Pratyahara – terapêutica da consciência

Como o Yoga tenta limpar a passagem de transmissão, a transmissão de consciência pelo corpo? Asana (posição psicofísica do Yoga), Pranayama (práticas respiratórias para expandir e controlar a energia vital ou Prana) e técnicas de relaxamento são usados para induzir diferentes estados de flexibilidade, conforto e bem-estar nos sistemas físico, muscular, endócrino e respiratório. Mas a terapêutica não para aí; a terapêutica também continua no nível sutil.

A melhor forma de terapêutica é a de consciência, que limpa as transmissões e canais através dos quais a consciência se transmite na dimensão física. Uma indicação da terapêutica da consciência é vista nas práticas de Pratyahara. Pratyahara é o quinto estágio de Raja Yoga (Yoga do despertar da consciência psíquica através da meditação), e o começo da introspecção, da reflexão, de experienciar o silêncio, de ir para dentro e achar estabilidade, achar foco. Pratyahara é também dividido em diferentes estágios.

Como nos tornamos conscientes de algo que está acontecendo internamente, numa dimensão sutil, no nível da consciência? Se o fruto está no galho mais alto da árvore, nós temos que começar subindo do nível mais baixo para alcança-lo. Essa escalada dos níveis mais baixos para os mais altos começa com a consciência dos sentidos. Há uma extensão de consciência nas percepções sensoriais para se saber como elas estão afetando e alterando a mente e a consciência. Então, primeiro, há uma extensão da consciência nos sentidos e então, após nos entendermos exatamente o que está se sucedendo no nível dos sentidos, há uma focalização da consciência.

O segundo estágio de Pratyahara é uma elevação da consciência na mente, para saber como ela está interagindo com as situações, condições e eventos que influenciam nossa vida, e então há uma focalização desta consciência. O terceiro estágio de Pratyahara é a elevação da consciência na dimensão emocional, para entender a natureza das nossas emoções, sentimentos e sensibilidade e então a focalização desta consciência. O quarto estágio de Pratyahara é a extensão da consciência na dimensão instintiva e então, novamente, a focalização desta consciência. É assim que gradualmente nos treinamos para observar e analisar como nós estamos respondendo e reagindo a diferentes situações e criamos um desequilíbrio na nossa personalidade.

Depois que nós temos observado a interação da nossa consciência com os sentidos, com o aspecto intelectual, com o aspecto emocional e com o aspecto instintivo, nós passamos para o próximo estágio de introspecção, que é conhecido como Dharana. Dharana é manter a consciência estável e nos identificar com um estado de consciência tranquilo. Quando nós somos capazes de nos identificar com um estado de consciência tranquilo, então a meditação, Dhyana, começa.

Rumo à saúde integral


Então, este processo de auto-observação, ou auto-entendimento, conduz a experiência de uma saúde ideal e de bem-estar. A terapia do Yoga não se destina a remover os sintomas dos quais temos consciência; a terapia do Yoga não é um método para tratar de uma indisposição ou de uma doença. Pelo contrário, é um método de tratar a pessoa que está sofrendo uma condição, deixando-a consciente da sua personalidade e de como a personalidade está interagindo com o mundo, no nível externo, e com a consciência, no nível sutil.

Quando nos tornamos capazes de fazer isto, nós descobrimos que nossos hábitos mudam e que nosso estilo de vida muda. Nós descobrimos que nossas atitudes, perspectivas e visões mudam a há um sentimento de completude e inteireza. Com este sentimento de inteireza, a jornada do Yoga começa. É com este senso de inteireza que avançamos para experienciar nossa vida desenvolvendo, crescendo e evoluindo.

Yoga nos dá muitas dicas e ideias de como nós podemos controlar nossas vidas. Depende de nós aplicarmos estas ideias e nos tornar conscientes dessas dicas para melhorar a qualidade de nosso corpo, mente e interações. Uma vez que nós podemos melhorar a qualidade da mente e do corpo, isto é saúde integral.

Fonte:
  
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